Um 'breve' review e o novo dia-a-dia

Eu sei que contado ninguém acredita, mas esta é a verdade, verdadinha, sobre o nascimento da Eva.
Todos os anos, por alturas do Natal, em Sarilhos Pequenos (a minha terrinha), uma Comissão Jovem organiza um espectáculo de Natal para a comunidade com as crianças da terra. Tal como todos os anos, eu dou o meu singelo contributo fazendo a apresentação do espectáculo. Este ano e com uma barriga de 8 meses, nada mais natural (pensou toda a gente!) que eu me vestisse de Pai Natal. "Tudo bem, vamos a isso", disse eu prontamente, doida que sou por estas coisas.
Nesse dia (19 de Dezembro de 2009), achando graça à minha figura, toda a gente resolveu dizer que era naquela noite que a Eva ia nascer. Eu dizia que não, que ainda faltavam três semanas e ainda por cima o Vitó estava no Porto, num encontro da U2 Portugal.
Muito descansada, lá fui eu mais a minha prima Ana Pedro para cima do palco, fazer a apresentação da primeira parte da Festa de Natal. Assim que começamos, senti uma sensação estranha. Percebi logo que estava a perder líquido, mas não me alarmei porque era pouco.
À medida que o espectáculo ia avançando, eu ia ficando cada vez mais preocupada com as perdas constantes de líquido e resolvi falar com uma prima que é enfermeira na Cuf Descobertas. Ela confirmou o que eu previa. Teria que ir imediatamente para a maternidade. Sorte que ainda deu tempo de despir o fato de Pai Natal!
Liguei ao Vitó e, numa de não o alarmar, disse que precisava de ir à Cuf ver o que se passava, mas que depois de lá estar dizia alguma coisa. Ele concordou, mas certo e sabido que se punha a caminho de LIsboa que nem um doido. Isto eram 11 da noite. Ele ligou-me da auto-estrada a dizer que se vinha embora. Passava pouco da uma da manhã, já ele estava ao meu lado na maternidade!
Nessa noite fiquei a soro e no dia seguinte o meu médico apareceu. Eram nove da manhã quando ele me fez o toque. Vi estrelinhas de todas as cores e logo de seguida começaram as contracções. Uma hora nisto, quando surge novamente o médico. Vinha fazer novo toque, para ver se eu já tinha a dilatação suficiente para levar a
epidural, mas logo percebeu que eu estava a ter uma hemorragia: suspeita de descolamento de placenta. De imediato para a sala de operações fazer uma cesariana!
Passados 15 minutos estava pronta, quando entra o Vitó todo equipado e a tremer que nem varas verdes. Tal como eu que não estava preparada para este tipo de parto.
Tudo correu bem e às 11h48 nasceu a nossa princesa...

É engraçado quando nos preparamos para as coisas com todo o empenho e depois sai tudo furado! Eu sei que não devemos criar demasiadas expectativas, mas isto era algo para o qual eu tinha que estar preparada com todas as minhas forças: a maternidade! Fiz curso de preparação para o parto, preparei-me para um parto normal, decidi que ia amamentar o maior tempo possível, não tinha qualquer receio de ter um bebé nos braços, torcia o nariz quando falavam em depressão pós-parto... Mas afinal as coisas não sairam da forma que eu palneei. Como se uma coisa destas se pudesse planear...
O importante é que tudo deu certo e nisso tenho a agradecer a todas as pessoas maravilhosas que me rodearam nos momentos que mais precisei...

Hoje a Eva é a luz dos meus olhos. Parece um lugar comum, mas quem tem filhos sabe do que falo. É cansativo? É, claro. As coisas mudam? Claro que mudam! Os meus dias giram em torno dela. Mudar a fralda, dar o biberão, cuidar para que não lhe falte nada. E não há momentos maus? Então não há? Depois de uma noite mal dormida, acordar com o choro de um bebé não é fácil. Muitas vezes perco a paciência (mas arrependo-me logo a seguir!) mas digam-me lá se não é a coisa mais reconfortante e maravilhosa, nos momentos em que estamos em baixo, receber um sorriso destes...