28 outubro 2006

Andamos nós a lutar há anos…

Sem querer ser feminista, há coisas que me deixam deveras irritada. Hoje em dia, todos comemoramos o Dia da Mulher (que sinceramente acho desnecessário de assinalar) por uma boa causa: a luta das operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque, que em 1857 morreram queimadas quando reivindicavam a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. A partir daí, a mulher foi ganhando, a pouco e pouco, o seu lugar na sociedade. Conseguiu o direito ao voto, (quase) igualdade de salários, lugares de chefia e acesso a profissões, que supostamente deveriam ser apenas desempenhadas por homens.
Mas eis que surge a notícia (nada de espantar vinda de onde veio) de que os chineses iriam criar (deverá ser inaugurada daqui a três meses) a “cidade só para elas”. De acordo com o jornal “Macau Hoje”, a “primeira cidade feminina do país” (o que quer dizer que não se vão ficar por aqui?), surgiu da cabeça de um senhor chamado Li Jigang, director do Gabinete de Turismo do distrito de Shuangqiao, quando “tentava conquistar a sua actual mulher, e à qual prometeu, então, obedecer durante toda a sua vida”. Nesta cidade, e ainda segundo o mesmo jornal os homens terão que “obedecer às suas esposas, namoradas ou mães, sem discutir, sob pena de serem multados pela administração local”. E mais. De acordo com Li Jigang, esta cidade feminina “irá reforçar na sociedade os direitos das mulheres”.
Ora, se há anos que nos debatemos pelos nossos direitos, tendo já alcançado algumas vitórias, não era suposto tudo isto acontecer sem ser preciso ser aplicadas “multas” aos homens que não obedeçam às mulheres?
Não queremos a igualdade na acepção da palavra, porque irão sempre existir diferenças. A igualdade pela qual todas as mulheres se debatem tem mais a ver com o respeito pelo seu papel na sociedade. Não precisamos de dias dedicados a nós porque, isso sim é discriminação. Não precisamos de cidades femininas porque aí serão precisas de ser impostas regras aos homens para respeitar as mulheres. E isto não é, com toda a certeza, a definição de igualdade de direitos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Concordo. Viva a igualdade :).

Konspiry disse...

Snok: o mundo tá perdido